.
Descubra o embate entre a Turma da Mônica e a IA, os riscos à arte brasileira e o que está em jogo com a Midjourney. Leia e reflita!
Criação por IA - Exemplo Divulgação

Descubra o embate entre a Turma da Mônica e a IA, os riscos à arte brasileira e o que está em jogo com a Midjourney. Leia e reflita!

Hoje, ao abrir as redes sociais e me deparar com a notícia sobre a posição do MSP Estúdios contra o uso de inteligência artificial para recriar os personagens da “Turma da Mônica”, senti uma mistura de alívio e inquietação. Como alguém que cresceu folheando gibis do Mauricio de Sousa na varanda da casa dos meus avós, acompanhando as aventuras de Mônica, Cebolinha e Magali, essa história me toca em um nível pessoal. Aquele traço simples, mas cheio de vida, sempre foi mais do que apenas um desenho para mim – era um pedaço da minha infância, uma conexão com um Brasil colorido e genuíno que eu encontrava nas páginas amareladas. Ver a MSP tomar uma posição firme contra a substituição dessa arte por algoritmos me faz refletir sobre o que está em jogo nesse embate entre tecnologia e criatividade humana.

A nota do MSP Estúdios, divulgada nesta terça-feira, 8 de abril de 2025, chega em um momento em que imagens geradas por IA, imitando o estilo da “Turma da Mônica”, viralizaram online. Eu mesmo vi algumas delas circulando nas redes sociais e, confesso, a primeira reação foi de curiosidade – “Nossa, que interessante, parece mesmo um quadrinho oficial!”. Mas logo veio o desconforto. Algo estava faltando. Não era só a troca de cores ou as fisionomias meio tortas, como já apontaram alguns comentários por aí. Era a alma. O que a MSP chama de “sensibilidade humana” na sua nota é exatamente isso: a capacidade de um artista de injetar emoção, história e contexto em cada linha. Um algoritmo pode imitar, mas não sente o peso de décadas de cultura brasileira que esses personagens carregam.

O caso fica ainda mais sério quando olhamos para os bastidores. A revelação de que a Midjourney, uma gigante da IA generativa, incluiu Mauricio de Sousa e Henfil em uma base de dados com mais de 16 mil artistas, sem consentimento, é um alerta vermelho. Eu fico imaginando como me sentiria se algo que criei com tanto esforço fosse engolido por uma máquina e cuspido de volta como uma cópia barata, sem que eu tivesse voz na questão. Isso não é só uma questão de direitos autorais – é sobre respeito. A Lei 9.610/98, que rege os direitos autorais no Brasil, protege obras derivadas, e os personagens da “Turma da Mônica” são um patrimônio cultural registrado. A MSP está certa ao bater o pé: esse tipo de uso não autorizado viola não apenas a lei, mas os valores éticos que sustentam a criação artística.

Por outro lado, não dá para ignorar que a IA é uma realidade irreversível, como o próprio MSP reconhece. Eu vejo o potencial dela todos os dias – desde ferramentas que ajudam a editar textos até programas que geram ideias visuais em segundos. Na minha própria experiência, já usei tecnologia para acelerar processos criativos, como organizar pensamentos ou testar layouts. Mas há uma linha clara entre usar a IA como apoio e deixá-la tomar o volante. Quando a Midjourney “treina” seus modelos com obras de artistas como Mauricio e Henfil sem permissão, isso não é inovação – é apropriação. E o pior: o resultado muitas vezes é uma sombra pálida do original, um eco “limitado”, como diz a nota da MSP.

O debate no Congresso sobre o Projeto de Lei 2338, que já passou pelo Senado, me dá uma ponta de esperança. Se aprovado, ele pode trazer mais transparência ao uso de bases de dados por plataformas de IA e abrir caminho para um equilíbrio entre tecnologia e direitos dos criadores. Eu acho que essa é a chave: regulamentação. Não sou contra o avanço da IA – pelo contrário, acredito que ela pode ser uma aliada incrível para artistas, desde que haja regras claras. Imagine se a MSP pudesse usar IA para criar rascunhos ou explorar novas ideias, mas mantendo o controle criativo nas mãos dos seus artistas? Isso seria um uso ético e inovador, respeitando o legado de mais de 60 anos que a empresa construiu.

Enquanto isso, a iniciativa de Ivan Cosenza de Souza, filho de Henfil, e de Jal, da Associação dos Cartunistas do Brasil, de aguardar o andamento do PL antes de agir contra a Midjourney me parece sensata. É um sinal de que os artistas estão atentos, mas também estratégicos. E nós, como público, temos um papel nisso. Que tal apoiar os criadores humanos comprando um gibi da “Turma da Mônica” em vez de curtir uma imagem gerada por IA? Ou, quem sabe, escrever uma carta para os deputados pedindo agilidade na votação do PL 2338? Pequenas ações podem fazer diferença.

No fim das contas, o que a MSP está defendendo não é só o direito sobre seus personagens – é a essência da arte como algo humano, imperfeito e verdadeiro. Eu espero que esse posicionamento inspire outras empresas e artistas a se levantarem contra o uso indiscriminado da IA. A tecnologia pode nos levar longe, mas não pode apagar o que nos torna únicos. Que a “Turma da Mônica” siga sendo um símbolo do Brasil que eu amo – feito por mãos, não por máquinas.

Sucesso, saúde, proteção e paz! 

Alessandro Turci

Postar um comentário

Para serem publicados, os comentários devem ser revisados pelo administrador

أحدث أقدم