Em 1996, Rupert Sheldrake e Matthew Fox exploraram a conexão entre ciência e teologia no livro A Física dos Anjos. Descubra como eles desafiaram convenções e revisitaram a ideia dos anjos como guias da evolução.
Em 1996, o biólogo evolucionista Rupert Sheldrake e o teólogo Matthew Fox uniram forças para explorar uma ideia surpreendente: a existência de anjos e seu possível papel na evolução e na formação das espécies. O resultado desse encontro foi o livro A Física dos Anjos, que desde sua publicação provocou reações polarizadas tanto no meio científico quanto no teológico.
O livro, revisado e ampliado em 2014, sugere que os anjos não são apenas seres mitológicos, mas que poderiam estar envolvidos na codificação da “forma” dos seres vivos, como se fossem guardiões da ideia do DNA. Essa proposição audaciosa reacendeu debates acirrados sobre a integração entre ciência e espiritualidade.
A Nova Perspectiva de Sheldrake e Fox
Historicamente, os anjos foram relegados a um status de mitologia e superstição, especialmente após a Revolução Científica do século 17, que mecanizou o universo e secularizou o conceito de céus. Nesse novo paradigma, os anjos foram vistos apenas como fenômenos psicológicos, sem espaço no mundo rigorosamente materialista da ciência moderna.
Contudo, Sheldrake e Fox desafiam essa visão ao revisitar a ideia de que anjos poderiam ser mais do que meras figurinhas de um passado religioso. De acordo com Sheldrake, a conexão entre as descrições medievais de anjos e conceitos da física quântica é fascinante. Ele observa que, assim como São Tomás de Aquino falava de seres sem massa capazes de agir no mundo, Albert Einstein discutia partículas de luz que também têm características ondulatórias.
Anjos e Evolução: Uma Reflexão Profunda
A teoria da evolução, proposta por Charles Darwin e Alfred Wallace, revolucionou nossa compreensão sobre a vida. Enquanto Darwin adotou uma visão materialista, Wallace sugeriu que a evolução poderia ser guiada por inteligências criativas, que ele associou aos anjos. Esse contraste entre um universo regido pelo acaso e um cosmos moldado por forças superiores levanta questões sobre a própria natureza da criatividade e da intenção na evolução.
Sheldrake destaca que, à medida que novas galáxias surgem, talvez os anjos associados a elas também apareçam, ou já estariam esperando para se manifestar desde o Big Bang. Isso introduz uma dimensão de profundidade que desafia a visão materialista predominante.
A Persistente Fascinação pelos Anjos
Apesar das críticas e do ceticismo, a crença em anjos persiste. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de dois terços da população acredita na existência de anjos, e uma em cada três pessoas afirma ter sentido a presença de um anjo em sua vida. Essa persistência é um testemunho do impacto cultural e psicológico dos anjos, que transcende as divisões entre ciência e espiritualidade.
A história dos anjos é rica e diversificada, presente em várias culturas e religiões ao longo dos milênios. Desde os mensageiros da mitologia persa até os anjos da guarda do cristianismo, esses seres têm desempenhado papéis importantes nas crenças e práticas espirituais da humanidade.
Conclusão
O livro A Física dos Anjos oferece uma perspectiva inovadora que convida à reflexão sobre o papel dos anjos na formação e evolução do universo. Sheldrake e Fox, ao explorar essa interseção entre ciência e teologia, mostram que a busca por entender o cosmos pode incluir tanto as descobertas científicas quanto as questões espirituais mais profundas.
Embora o conceito de anjos possa parecer incongruente com a ciência moderna, a contínua relevância e o fascínio por essas figuras revelam uma dimensão cultural e espiritual que persiste em nosso inconsciente coletivo. Se, como Carl Jung sugeriu, os anjos são arquétipos culturais, então eles continuam a influenciar nossa maneira de ver o mundo, seja no âmbito da ciência ou da espiritualidade.
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