Imagem Reprodução Divulgação
Por Alessandro Turci
No cenário atual, as discussões em torno das propostas de extinguir o parcelamento sem juros no cartão de crédito e implementar tarifas para compras realizadas em mais de seis prestações têm gerado preocupações significativas no setor varejista. Com uma considerável porcentagem das vendas, cerca de 75%, realizadas através dessa modalidade, os comerciantes estão antecipando possíveis impactos no preço dos produtos e na viabilidade dos negócios. Neste artigo, exploraremos os pontos-chave dessa discussão e os possíveis desdobramentos para as famílias brasileiras e o comércio.
Tarifas Mais Altas e Variações nos Preços
Uma das principais inquietações trazidas pelas propostas é a potencial adoção de tarifas mais altas aos comerciantes, com preços distintos para vendas no cartão, tanto à vista quanto parceladas. Associações que têm participado das comissões para debater o tema apontam que a medida poderia aumentar a Tarifa de Intercâmbio (TIC) em até 70%, definida pelas bandeiras de cartões, nas compras parceladas em mais de seis vezes no cartão de crédito.
Se essa medida fosse adotada, a expectativa é que os empresários transferissem o custo adicional aos consumidores. Considerando um cenário onde esse custo é repassado integralmente para os produtos, isso poderia resultar em um aumento significativo nos preços. Por exemplo, a compra de um celular atualmente avaliado em R$ 1.500 poderia quase dobrar, chegando a R$ 2.550.
Impactos no Mercado Empresarial e no Consumo Familiar
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) destaca que a imposição de taxas sobre o parcelamento no cartão de crédito poderia ter o potencial de prejudicar gravemente o funcionamento das empresas e afetar diretamente o poder de consumo das famílias. O presidente do Sebrae, Décio Lima, ressalta a necessidade de abordar a questão dos juros, mas alerta para os riscos de criar novos problemas no processo.
"Proteger aqueles que estão presos no rotativo é fundamental, mas isso deve ser feito com a compreensão de que essa é a dinâmica atual de negócios no Brasil", enfatiza Lima. Ele argumenta que uma abordagem equilibrada é fundamental para evitar consequências indesejadas.
Perspectivas do Setor Varejista
Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), categoriza a ideia de tarifar o parcelamento como extremamente prejudicial. Ele salienta a importância do parcelamento como um empréstimo prático e acessível, responsável por quase 50% das vendas do comércio. Solmucci destaca que essa modalidade não deve ser destruída, mas sim preservada.
Por outro lado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) observa que a medida em discussão pode comprometer a saúde financeira dos consumidores, ao invés de melhorá-la. Isso ocorre pois tal medida prejudicaria o varejo, dificultando o consumo por parte das famílias.
Alternativas e Solução Equilibrada
Em meio às reações e debates, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nega a proposta de eliminar completamente o crédito parcelado sem juros. Ele destaca a importância de encontrar uma "solução equilibrada" para limitar o uso dessa modalidade com taxas elevadas de juros.
Campos Neto aponta para a sobrecarga representada pelo cartão de crédito, que corresponde a 40% do consumo, e busca reduzir essa influência. Ele menciona que uma das propostas visa limitar a taxa de juros a 9% ao mês, em contraste com a elevada taxa atual de 437,3% ao ano no crédito rotativo.
Conclusão
As discussões em torno das tarifas para compras parceladas em mais de seis vezes no cartão de crédito estão gerando incertezas significativas no cenário varejista brasileiro. Comerciantes estão apreensivos sobre o possível aumento de preços e os impactos na saúde financeira das famílias. Encontrar um equilíbrio entre proteger os consumidores e garantir a viabilidade dos negócios é crucial nesse debate em constante evolução. É importante que medidas sejam tomadas com a cautela necessária para evitar consequências indesejadas e para garantir um mercado equitativo e saudável para todas as partes envolvidas.
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