O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, foi criado oficialmente pela ONU em 1975. Celebrada em mais de 100 países, a data destaca a importância da mulher na sociedade e a história da luta por seus direitos. Entre as pautas importantes, está a saúde da mulher, prioridade para o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA)

Em março, além de evidenciar a força e os direitos das mulheres, ações e campanhas reforçam os cuidados relacionados com a saúde feminina. Logo, uma das principais formas de manter a saúde em dia é por meio da realização dos exames de rotina. O câncer ginecológico, por exemplo, é um dos mais incidentes, sendo que os órgãos do sistema reprodutor feminino mais acometidos por tumores malignos são os de colo do útero, ovário e corpo do útero (endométrio). Juntos, eles somam 32,1 mil novos casos anuais, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Levantamento realizado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) aponta que 20% das brasileiras não vão ao ginecologista com frequência. Por isso, neste Dia Internacional da Mulher, conheça campanhas que fazem esse alerta para que as mulheres mantenham a sua saúde em dia. Uma delas é o Março Lilás, mês de prevenção do câncer de colo de útero. Do total de brasileiras que recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer ginecológico, a maioria apresenta tumores de colo do útero: são 17.010 novos casos previstos para 2023.

Março Lilás e a prevenção do câncer de colo do útero

O câncer de colo do útero tem uma relevância epidemiológica e social muito importante: é o terceiro mais frequente na população feminina apesar dos programas de prevenção terem sido planejados há muitos anos e serem extremamente seguros. A eficácia comprovada de medidas de intervenção, como a vacinação contra os tipos mais oncogênicos do papilomavírus humano (HPV – causa de quase todos os casos de câncer do colo do útero) e o rastreamento com exame de Papanicolau, tornam o câncer do colo do útero o primeiro tipo de câncer a ser eliminado.

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma meta para acelerar a eliminação do câncer do colo do útero como um problema de saúde pública, a fim de reduzir a incidência abaixo do limiar de quatro casos por 100 mil mulheres por ano em todos os países até 2030. “Sabemos que a principal causa do câncer de colo do útero pode ser atribuída ao vírus HPV (vírus do papiloma humano), até hoje amplamente reconhecido como um fator necessário para o desenvolvimento do câncer invasivo e identificado em uma porcentagem de mulheres que responde por cerca de 95-98% de todos os casos diagnosticados”, explica a vice-presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), Graziela Zibetti Dal Molin, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e que reitera a importância da vacina contra o HPV.

VACINA CONTRA O HPV - O papilomavírus humano (HPV) é um vírus que pode causar câncer do colo do útero e verrugas genitais. Geram lesões benignas, pré-invasivas ou invasivas, como o câncer de colo do útero (responsável por 99,7% dos casos) e outros tipos de câncer de órgãos genitais. Outro dado aponta que 80% da população sexualmente ativa contrai a infecção pelo HPV pelo menos uma vez na vida.

A vacinação contra o HPV é um dos grandes aliados para o controle dessa doença. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) disponibiliza gratuitamente a vacinação desde 2014, sendo indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 9 a 14 anos, pessoas que vivem com HIV e pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos. A Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) também recomendam a vacinação de mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos, o mais precoce possível.

Março Amarelo: mês da conscientização da endometriose

Com a missão de aumentar o conhecimento sobre uma doença que afeta cerca de 200 milhões de mulheres no mundo, também acontece a Campanha Março Amarelo, mês Mundial da Conscientização da Endometriose.  Uma a cada 10 mulheres sofre com os sintomas da endometriose no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, que registrou em 2021 mais de 26,4 mil atendimentos e 8 mil internações somente no Sistema Único de Saúde (SUS).

A endometriose é uma doença que, embora benigna, pode acometer mulheres de diversas faixas etárias, da primeira menstruação (menarca) até a menopausa, e que impacta diretamente na qualidade de vida das pacientes. Ela ocorre quando o tecido que reveste o interior do útero (endométrio), cresce fora do útero. A causa exata da endometriose não é conhecida, mas a maioria das teorias se concentra em como suas células, hormônios e sistema imune funcionam. Geralmente são diagnosticadas através do exame pélvico, ultrassom ou laparoscopia. Os sintomas mais comuns são dor pélvica, principalmente durante período menstrual, dor durante a atividade sexual, sangramento vaginal anormal e infertilidade.

Em linhas gerais, o tratamento da endometriose vai depender da intensidade dos sintomas e extensão, pode ser realizado por meio de medicamentos que suspendem a menstruação e caso de lesões maiores ou mais extensas, é possível que o médico indique cirurgia.

Sobre o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) – O EVA é uma fundação sem fins lucrativos, composta em sua maioria por médicos, que tem como missão o combate ao câncer ginecológico. Seu time, multiprofissional, atua com foco na educação, pesquisa e prevenção, assim como promove apoio e acolhimento às pacientes e aos familiares.

A idealização e a organização do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos foram iniciadas pela oncologista clínica Angélica Nogueira Rodrigues, no Hospital do Câncer II do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A primeira reunião ocorreu em 12 de março de 2010 e o nome Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos passou a ser utilizado a partir desta data.

A primeira reunião para nacionalização do grupo ocorreu no Congresso da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em 2013, na cidade de Brasília. O nome EVA foi resultado de uma reunião neste evento e foi sugerido pela oncologista clínica, coordenadora da área de apoio ao paciente (advocacy) do grupo, Andréa Paiva Gadelha Guimarães. O ginecologista oncológico Glauco Baiocchi Neto é o diretor-presidente do EVA na gestão 2023-2024.

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