Para Camila Salek, especialista em varejo, após o fim da pandemia chegou a vez das lojas físicas se tornarem verdadeiros hubs de conexão entre marcas e pessoas
O termo varejo hiperfísico está ganhando espaço nas discussões mais importantes quando o assunto é a evolução do varejo. Agora, as lojas físicas estão com os holofotes para si mesmas (depois de todo destaque para os canais digitais durante a pandemia).
De acordo com Camila Salek, fundadora e diretora de Inovação da Vimer Retail Experience, após um longo período de privação global, “queremos respirar”. Ela afirma: “Buscamos preencher todas as lacunas abertas ou expostas durante a pandemia, explorando a dádiva da vida intensamente”.
A tendência do hiperfísico vai nortear grandes transformações nas lojas físicas -- chega de regra, neutralidade, monotonia e excesso de padronização, segundo Camila. “O que estamos vendo é a inovação de mãos dadas com o visual merchandising, tirando o visual cansativo, e ultrapassado desses espaços e tornando-as importantes interlocutoras de assuntos importantes para a nossa sociedade, trazendo a sensação de pertencimento aos consumidores”, analisa.
Conforme a especialista, o varejo hiperfísico oferece muito mais do que a simples venda de produtos. “Ele diz sobre impacto sensorial, por meio da provocação de sentidos, fluidez de formatos e foca no protagonismo do ecossistema e da comunidade”, destaca.
Sensações, pessoas e fluidez
Camila aponta que o varejo hiperfísico, ao longo de 2023, estará pautado em três pilares importantes: o impacto sensorial, o foco nas pessoas e na transitoriedade.
“O impacto sensorial provoca sentidos e desperta emoções. O olhar para as pessoas engloba tanto a comunidade e consumidores quanto a própria equipe interna das marcas, já o regionalismo e a inteligência geolocal são outros pontos importantes, principalmente para criar narrativas direcionadas a públicos específicos. Também por isso, o varejo deixa de seguir os formatos tradicionais, demandando novos desenhos para as operações físicas”, explica.
Predileção pelo “tocar, sentir e vivenciar”: a experiência
Várias pesquisas realizadas pelo mercado ao redor do mundo mostram que grande parte dos consumidores ainda têm a preferência por fazer suas compras nas lojas físicas. Um levantamento feito pela NZN Intelligence apontou que 42% deles, mesmo com a conveniência dos canais online, preferem consumir nos pontos físicos de venda.
Já o estudo feito pela A.T. Kearney vai além: 81% dos consumidores entre 14 e 24 anos declararam que, se podem, preferem comprar em lojas físicas. 73% deles gostam de descobrir novos produtos nesses ambientes e 58% afirmaram que garimpar roupas em araras lhes permite ficarem desconectados das mídias sociais e do mundo digital.
Para Salek, mais do que nunca o visual merchandising se torna uma ferramenta crucial para que o varejo consiga oferecer uma experiência interessante para seus consumidores, um dos pontos mais importantes desta jornada. Mas o desafio é grande.
“As impressões que o consumidor tem de uma marca desperta interesse, constrói relacionamento e fidelidade. Vale notar que estamos lidando com clientes cada vez mais exigentes e que não se apoiam somente em operações transacionais , é preciso trabalhar o despertar de emoções e a conexão de valores”, reforça a especialista.
Com isso, o papel da loja física passa a ser de um verdadeiro hub social, segundo Camila, com o engajamento das comunidades por meio da experiência; logístico, como coração do ecossistema multicanal; conteúdo, dando visibilidade para ativações e voz para comunidades; e laboratorial, enquanto um grande centro de captura de dados para a construção desse relacionamento.
Prova disso é a pesquisa feita pela PwC com consumidores de 12 países, incluindo o Brasil, que descobriu que 73% deles apontam a experiência como um importante diferencial em suas decisões de compra. No Brasil, em particular, esse índice alcança 89%, o mais alto registrado entre os países participantes.
Ao longo da NRF 2023, gigantes do varejo de luxo como a Gucci, por exemplo, destacaram a importância de trabalhar o visual merchandising para oferecer essa nova experiência, principalmente quando se fala em clientes premium, desenvolvendo novas competências e soluções.
Domenico de Sole, CEO do Grupo Gucci, durante a sua participação em um podcast gravado ao vivo, durante o evento, foi claro sobre o assunto. “Garanta que as pessoas sintam a elegância de sua loja. Uma grande experiência visual e um grande serviço são a fórmula para o sucesso”, aponta o CEO.
União de inteligências
Em um momento no qual o varejo hiperfísico se torna uma tendência cada vez mais relevante, a Vimer deu passos importantes para atender a essa nova realidade. Recentemente, uniu forças com o Studio Firma, outra grande agência de varejo para potencializar a inteligência no futuro do varejo. “Enquanto a Firma tem um olhar mais voltado para o design de nicho, nós trabalhamos com a inovação em larga escala. Isso se soma ao fato de que estamos com o foco cada vez mais direcionado para as comunidades, desenvolvendo projetos hiperpersonalizados”, diz Camila Salek. “Estamos prontos para esse novo momento do varejo”, conclui.
MINI-BIO
Camila Salek é fundadora e diretora de Inovação da Vimer Retail Experience, integrante do grupo de empreendedoras de sucesso do programa “Winning Women Brasil” da Ernst & Young e colunista da Harper’s Bazaar Brasil.
Há 25 anos atuando em Retail Marketing, a comunicadora Camila Salek é uma das principais futuristas do setor de varejo do Brasil. Tendo participado de co-criações de mais de 2.500 projetos envolvendo conexões com mais de 300 marcas de segmentos diversos, está por trás de evoluções significativas da experiência de consumo e do desenvolvimento do conhecimento da área também ministrando aulas, mentorias, treinamentos e palestras para grandes marcas, organizações e eventos em todo o Brasil e Américas e compartilhando conteúdos em publicações nacionais e internacionais voltadas para moda e tendência.
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