Por Ana Paula Prado, CEO do Infojobs
Contratar pessoas qualificadas sempre foi uma tarefa desafiadora. No entanto, com as mudanças da sociedade nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por transformações aceleradas e por consequência, o comportamento dos profissionais foi afetado. Selecionar talentos e retê-los em uma empresa tornou-se uma missão cada vez mais complicada.
Muito disso ainda é reflexo da pandemia, período que o Brasil atingiu a 4ª maior taxa de desemprego do mundo, e fez com que muitos repensassem suas carreiras. Além disso, a taxa de demissões voluntárias cresceu, principalmente porque as pessoas começaram a se colocar como protagonistas da própria vida.
Como 85% das empresas do país adotaram o trabalho remoto no período, segundo a Korn Ferry, profissionais conheceram os benefícios e alguns decidiram não abrir mão da qualidade de vida. Com isso, a possibilidade de voltar 100% ao escritório causa pavor, principalmente entre jovens de 18 e 24 anos, que consideram demissão, caso aconteça, de acordo com o ADP Research Institute.
Além disso, precisamos considerar três fatores principais que interferem na contratação: inflação, que tem uma estimativa de crescimento de 5,74% em 2023; índice de escassez de profissionais capacitados, que chegou a 81% no ano passado, superando a média global, conforme dados do ManpowerGroup e restrições globais de fornecimento, que têm a previsão de durar por ainda mais tempo.
Como contratar e reter bons profissionais
Em um pesquisa realizada em abril do ano passado pelo Infojobs, com a participação de cerca de 500 profissionais, homens e mulheres, de 20 a 45 anos, percebemos que 70,2% dos profissionais acreditam que a reputação da marca diante dos funcionários é um fator importante ou muito importante ao aceitar uma proposta de emprego. Porém, ao se candidatar a uma vaga, 43,2% dos entrevistados consideram o plano de carreira. E salário e benefícios em seguida, com 32,6% dos votos.
Em relação ao que mais causa desistência, a pesquisa apontou que 35,7% abrem mão em razão da divergências de informações entre a proposta e o contato com o recrutador. O salário incompatível com o mercado também aparece como motivo, com 31,4% das respostas.
São as pessoas que representam a marca e que trabalham para que a empresa atinja todos os seus objetivos. Levando isso em conta, fica claro que flexibilidade, bem-estar, propósito compartilhado e experiência são prioridades máximas.
E o trabalho do profissional de RH é fundamental para isso. É necessário criar uma equipe focada no futuro, orientada para a tecnologia, operacionalmente capaz e financeiramente disciplinada para executar a função de RH.
O líder de recursos humanos deve ter foco na eficácia e design organizacional com a gestão de mudanças, principalmente implementar melhores processos de recrutamento. Para ter ideia, 43,8% dos entrevistados dizem que a falta de feedback é o principal fator negativo durante o recrutamento e isso precisa ser melhorado.
Devemos estar alinhados com as necessidades da sociedade, dos novos talentos e as formas de promover valor, ou seja, é preciso observar e transformar, pensando nos desafios de contratação e retenção.
Minha dica é ficar de olho nas três principais tendências de 2023: cultura organizacional, modelo organizacional e gestão e desenvolvimento de habilidades e competências críticas.
*Ana Paula Prado, CEO Infojobs - plataforma líder no mercado, com mais de 35 mil empresas com oportunidades divulgadas, mais de 45 milhões de profissionais cadastrados e mais de 11 milhões de avaliações de empresas - é responsável pela operação do Infojobs no Brasil, que inclui as áreas comerciais, desenvolvimento de negócios, clientes, comunicação e RH. Com mais de 21 anos de experiência nos mercado de tecnologia e RH, Ana provou que é possível se destacar e digitalizar um mercado tradicional, além de combater as dificuldades de gênero. Em seu papel de liderança, apoia e impulsiona a equipe buscando inspirar e provocar impacto positivo.
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