Ano de Copa do Mundo e o brasileiro já começa a sonhar com o tão esperado hexacampeonato, mas, como de fato ele pode impactar de maneira positiva ou negativa?
Quando falamos dos varejistas do setor de festas, comidas e bebidas é natural que o faturamento aumente à medida em que o Brasil ganhe cada jogo, e com isso, no final das contas, o hexacampeonato faz a alegria dos torcedores e dos donos de comércios. Outros setores também são impactados pela Copa do Mundo, como os de roupas, assinatura de canais esportivos e a venda de novos aparelhos de televisão.
Caso o hexacampeonato vire realidade, o senso comum sugere que o brasileiro, em geral, fique naturalmente mais eufórico. Dessa forma, não seria estranho supor que, movidas pela alegria, muitas pessoas tomarão mais decisões movidas por impulso.
É importante lembrar que, diferente das outras edições de copas, esta será realizada muito próxima do Natal, com a final marcada para o dia 18 de dezembro. Portanto, em que medida os gastos com as festividades de final de ano seriam direcionados para eventuais comemorações de um possível título? Essa resposta teremos que esperar para ver, uma vez que este já será naturalmente um período em que o consumo é maior.
Caso não seja campeão, o fator mais importante a se levar em conta, certamente, é o número total de partidas que a seleção poderá disputar. Caso ela chegue até a final, serão 7 jogos. Sete oportunidades para os setores mencionados obterem um faturamento substancial.
Não há uma clara relação de causa e efeito encontrada entre um título mundial e aumento do desempenho da economia do país vencedor.
Entretanto, em uma pesquisa feita por um banco americano com dados desde 1974, o estudo mostra que os índices das bolsas dos países campeões subiram, em média, 3,5% a mais que as referências globais no mês posterior ao campeonato. A única exceção foi o Brasil de 2002, que não obteve esta vantagem.
Ainda assim, essa alegria dura pouco: o mesmo estudo nos mostra que, após quatro meses da euforia do título, os mercados locais tendem a ter uma performance 4% abaixo das médias globais. A conclusão a que podemos chegar é a seguinte: haverá setores mais positivamente impactados que outros, mas no geral, os resultados da seleção na Copa do Mundo não costumam impactar diretamente a economia do país.
Nos anos em que a seleção foi campeã, não há uma correlação que estabeleça um vínculo claro entre título mundial e maior crescimento do PIB.
Mas, em levantamentos que fizemos nos bancos de dados do IBGE, observamos que, dos cinco títulos mundiais da seleção brasileira, em quatro oportunidades o PIB do nosso país cresceu a uma taxa maior que no ano anterior ao título. Por outro lado, o PIB do ano seguinte ao título sempre cresceu menos que o anterior, com exceção de 1970.
A maior parte dos efeitos econômicos são sentidos pelos países sedes de cada edição do evento, com destaque para o setor de infraestrutura. Todavia, podemos observar faturamentos mais robustos também em setores de varejo, alimentação e turismo nos demais países participantes.
*João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Formado em Administração de Empresas e com MBA pela FIA-USP
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