João Paulo Aragão, executivo de tecnologia para
serviços financeiros da Microsoft, disse durante o Blockchain Rio que a empresa
tem sido chamada por outros países para falar sobre o real digital. A Microsoft
está em um dos 9 projetos de teste da CBDC brasileiro, junto com Visa e
Consensys. Enquanto isso, o Mercado Bitcoin (MB), que tem uma exchange em
Portugal, conversou com o BC do país sobre o assunto. De acordo com o CEO do
MB, Reinaldo Rabelo, o BC queria saber, por exemplo, porque a empresa queria
participar de um projeto que poderia acabar com exchanges - o que não parece
ser necessariamente o caso
No projeto em que a Microsoft participa, o teste é com
uma plataforma de finanças descentralizadas (DeFi), mas regulamentada. O
objetivo é permitir que PMEs brasileiras interajam com o mercado financeiro
global para obter propostas de financiamentos, numa plataforma aberta. Isso
poderia elevar a competitividade entre os ofertantes de crédito.
O MB está num projeto com a Fundação CPQD e a Bitrust,
que é parte do grupo, para trazer um caso de uso de entrega de ativo assim que
acontece o pagamento. Em inglês, é o chamado delivery versus payment (DvP), mas
nesse caso, de ativos nativamente digitais, com foco em criptoativos.
Real digital em teste
Segundo Araújo, o que nascer digital e for registrado
em blockchain, idealmente não precisaria no offchain. "O BC vê muito
potencial nisso (registro de ativos permitidos pelos reguladores). É um ponto
que está começando a discutir e está em paralelo com a CBDC e a regulação de
cripto."
Para o BC, a proposta do MB complementa as propostas
do Santander e da federação dos bancos, a Febraban. Ambos tratam de DvP. O
primeiro inclui tokenização do direito de propriedade de veículos e imóveis. Já
o segundo se refere a ligadas à arquitetura de operação do real digital.
Um outro projeto do real digital é o da Tecban,
que associa elementos de DvP e internet das coisas (IoT). O projeto inclui usar
IoT para identificar quem uma compra em e-commerce foi entregue num local
seguro. E então, acontece o pagamento. De acordo com Luiz Gustavo Nugnes, da
área de open finance, criptativos e inovação da Tecban, a ideia é usar armários
(lockers) como os que a empresa está usando em projeto com os Correios. "A
pessoa compra no e-commerce e pede para a entrega acontecer num locker. Quando
for aberto, o pagamento acontece", disse ele ao Blocknews. No caso dos
Correios, isso facilita a entrega e pagamento em locais como favelas.
Os testes do real digital também incluem transações
dual offline entre pessoas que estejam sem conexão com a internet. Esse é o
projeto da Giesecke + Devrient. Lembrando do que existe hoje no mercado,
poderia ser algo, por exemplo, como carregar um cartão de transporte público e
usá-lo em ambiente offline. O saldo está lá e é descontado.
DeFi, DvP e operações offline
Como lembra Fabio Araújo, coordenador do projeto do
real digital, isso exige uma tecnologia bastante diferente do que a de
pagamentos online. Embora o foco do real digital seja em liquidação, nesse caso
seria para pagamentos, no entanto, muito útil num país grande como o Brasil,
com parte da população vivendo desconectado da internet - ou porque está fora
dos centros urbanos ou porque não tem dinheiro para pagar pela internet.
Outros testes incluem o do protocolo DeFi AAVE , de pool de
liquidez, para empréstimos e garantir dentro da regulação. O do Itaú
Unibanco é sobre pagamentos internacionais, empregando método de PvP, ou
seja, pagamento contra pagamento. E inclui a Colômbia, que também está
interessada no Pix. Já a Vert e a Digital Asset, com o suporte da
Oliver Wyman, está estudando financiamento rural baseado em ativo tokenizado
programável com valor atrelado à stablecoin do real.
Os testes começaram neste mês de setembro e devem
seguir até fevereiro de 2023.
Acesse o Blocknews para ler mais notícias sobre cripto e blockchain.
Postar um comentário
Convido você a compartilhar suas impressões e ideias! Sua opinião é extremamente importante para mim e para a comunidade do Seja Hoje Diferente. Deixe seu comentário, feedback ou sugestões logo abaixo no campo de comentários. É através dessa troca que crescemos juntos e transformamos o SHD em um espaço cada vez mais rico e inspirador para todos. Vamos continuar essa conversa? Escreva suas experiências e pensamentos — estarei ansioso para ler e responder!