Alguém com muita sorte conseguiu sair na frente das grandes empresas de mineração nesta terça-feira (11) e adicionou — sozinho — um bloco inteiro na blockchain do bitcoin. Com isso obteve a recompensa de 6,25 BTC, cerca de R$ 1,5 milhão na atual cotação da moeda.
O que chama atenção aqui é o poder computacional que o minerador usou para fazer a façanha: 126 terahash (TH/s). Esse número é extremamente baixo quando comparado ao dedicado por empresas de grande porte.
A Marathon, por exemplo, conta atualmente com mais 32 mil máquinas que juntas produzem 3.5 exahash por segundo para minerar bitcoin — 1 exahash é um quintilhão de H/s; e 1 terahash, um trilhão de H/s.
Não se sabe quem foi o premiado que conseguiu adicionar o bloco 718.124. Segundo os dados do BTC.com, além do minerador ficar com os bitcoins recém-criados, ele também faturou 0,104 BTC de taxas pagas nas quase 3 mil transações incluídas no bloco, cerca de R$ 25 mil.
O primeiro a divulgar o evento raro foi Con Kolivas, o criador do pool Solo CK — do qual o minerador faz parte.
O Solo CK é diferente dos pools de mineração tradicionais que repartem de forma igualitária as recompensas entre todos os participantes quando um bloco é encontrado. Nas raras ocasiões em que um minerador independente do Solo CK encontra um bloco, a recompensa fica toda para ele.
Em resposta a um usuário do Twitter que perguntou quão frequente é para alguém com um poder computacional tão baixo resolver um bloco de bitcoin, Kolivas explicou:
“Para o minerador envolvido, é uma chance única na vida. A última vez que um minerador tão pequeno resolveu um bloco no meu pool foi há apenas um ano. Geralmente são mineradores maiores que resolvem blocos estatisticamente, mas não há razão para que até mesmo o menor minerador não consiga resolver um”.
A última vez que um minerador do Solo CK encontrou um bloco foi em 2 de julho de 2021. Naquele época, o sortudo incluiu o bloco 689.382 na rede usando apenas 100 TH/s, um poder computacional que, segundo Kolivas, “não resolveria um bloco em mais de 100 anos”.
Por que é tão difícil minerar bitcoin
No atual consenso de prova de trabalho (PoW) que o bitcoin utiliza, os mineradores usam poder computacional para resolver quebra-cabeças matemáticos e, aqueles que encontram a resposta final antes dos concorrentes, ganha o direito de adicionar o próximo bloco na blockchain e levar as moedas recém-criadas como recompensa.
À medida que cada vez mais empresas e pools de mineração entram para competir nesse setor, o poder exigido pelas máquinas fica cada vez maior e leva às alturas a dificuldade de mineração — um mecanismo que a cada duas semanas torna mais fácil ou difícil minerar bitcoin, dependendo do número de máquinas trabalhando na rede.
Mesmo assim, todo o processo não deixa de contar com um pouco de sorte. Embora seja altamente improvável que um minerador solitário saia na frente de mineradoras gigantescas, o feito não é impossível.
Esse é o propósito do pool Solo CK, que diz em seu site, que entre o seu público-alvo estão os “mineradores com máquinas antigas e ineficientes que nunca ganharão recompensa por meio da mineração normal e que desejam deixar os equipamentos minerando como uma loteria”.
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