Não existe nada mais importante para o descanso do que a nossa própria casa, não é mesmo? Porém, isso depende de um espaço que seja bonito e confortável ao mesmo tempo, tal como na proposta da decoração eclética.

Como o próprio nome sugere, trata-se da capacidade de unir vários estilos, cores, tendências e traços, sem que isso se torne algo monótono ou mesmo desorganizado. Porém, ao contrário do que muita gente pensa, não basta “misturar tudo”.

Mesmo quando falamos em eclético, é preciso levar alguns pontos em conta. Não se trata apenas de fazer o que quiser e chamar isso de decoração eclética, como se ela fosse a falta de parâmetros ou de proposta.

Bem ao contrário, esse estilo surgiu há décadas e logo se consagrou como uma tendência capaz de atrair o olhar de grandes nomes da arquitetura e do design pelo mundo todo, conforme veremos adiante.

Portanto, se você deseja acertar a mão na hora de decorar seu ambiente baseado nesse estilo incrível, não deixe de ler as dicas e conceitos básicos que seguem adiante.

Como e quando surgiu a proposta eclética?

A bem dos bens, a palavra “eclético” é bastante antiga, tendo origem no termo grego “eklektikos”, que significa algo como “escolher a melhor parte”, ou apenas “escolher o melhor”. O termo costuma (ou costumava) ser aplicado em sentido filosófico.

Hoje é comum ouvi-lo em vários contextos. Por exemplo, uma pessoa que ouve vários tipos de música, ou que faz a pintura externa da casa com várias cores e estilos misturados, facilmente pode ser chamada de eclética, não é mesmo?

Portanto, a palavra se tornou um adjetivo popular. Mas o que nos importa aqui é a convergência dela do campo da filosofia para o da arquitetura, o que ocorreu na transição entre o século XIX e o começo do século XX.

A principal influência desse movimento, que já pode nos ajudar a entendê-lo e praticá-lo melhor, veio da Escola de Belas Artes de Paris, a famosa École des Beaux Arts. Na época, Paris ainda era a cidade referência em termos de arte e arquitetura.

Também conhecido como estilo “beaux-arts” à época, o importante é notar que já no seu início o eclético misturava, por exemplo, o estilo do renascimento, o do barroco, o do neoclassicismo, criando assim uma tendência que logo se universalizou.

Assim, ao fazer um espelho decorativo para sala de jantar, esses novos artistas, designers e arquitetos traziam combinações de elementos que se cruzavam entre vários estilos possíveis e imagináveis, tais como:

  • Arquitetura clássica;

  • Arquitetura neogótica;

  • Arquitetura medieval;

  • Arquitetura neorromânica;

  • Arquitetura da renascença;

  • Entre tantas outras.

Outro subsídio que pode nos ajudar a compreender melhor o estilo são os edifícios característicos que logo se espalharam pelo mundo. É possível encontrar fotos bastante representativas na internet.

Os principais são da própria França, como o Grand Palais des Beaux-Arts e o Museu de Orsay, ambos localizados na capital. No Brasil teríamos, entre outros exemplos, os Teatros Municipais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

O poder de combinação e harmonização

Até aqui já ficou claro que o estilo eclético não se trata de apenas encher um ambiente de informações, criando um local poluído e que seria pouco receptivo para qualquer cômodo, seja ele residencial, corporativo ou público.

Ele é ideal para quem gosta de uma proposta diferenciada, considerada rica em termos de sobreposição de camadas e de detalhes. Deste modo, é possível valorizar, ao mesmo tempo, o micro, o macro, o histórico e o contemporâneo.

Basta pensarmos no piso de madeira vinilico. Alguns poderiam considerar que a madeira está fora de moda, que hoje existem tecnologias mais recentes para a confecção de pisos e revestimento. Mas seria um erro, como a decoração eclética pode prová-lo.

Afinal, que estilo é capaz de falar em combinação e harmonização tão bem quanto esse, que já tem em sua filosofia a ideia de não rejeitar nenhuma proposta? Inclusive, um erro comum é considerar que para ser eclético é preciso ser moderno, novo e “clean”.

Como vimos acima, a arquitetura clássica é uma parte intrínseca desse movimento, pois o que ele propõe é não se limitar nem ao presente, nem ao passado. Também por isso, ele é um dos estilos que melhor consegue olhar para o futuro.

Aqui, ao falar sobre uma sanca de gesso invertida, é possível conciliar novas soluções de iluminação. Como as de LED (Light Emitting Diode), que trabalham com Diodo Emissor de Luz, sem impactar negativamente a natureza e economizando muito mais.

Também é possível compaginar o estilo eclético com automação residencial, incluindo elementos altamente tecnológicos, sem ferir em nada a proposta central. Isso pode ir desde luzes inteligentes até cortinas e portas automáticas.

Guia geral: os 4 traços principais do eclético

Quando se fala em estilo histórico, é fácil saber do que se trata. Quando se pensa em futurista, também. Já o estilo eclético é, como temos visto até aqui, um pouco mais desafiador, justamente porque ele desafia essas definições padrões.

Geralmente, é possível identificar o eclético quando a decoração geral de um ambiente não se encaixa em nenhum outro estilo ou categoria.

Assim, qualquer especialista é capaz de dizer se uma sala planejada apartamento é eclética, escandinava, romântica, industrial, etc.

Mas e quem quiser acertar a mão sem ser um especialista? Bem, é possível guiar-se por quatro princípios que são um consenso na área:

  • Texturas e estampas mistas;

  • Combinação velho e novo;

  • Influências universais;

  • Paredes de tipo “galeria”.

Deste modo, as texturas e estampas podem não apenas estar presentes, mas em número acima de um. Escolha duas ou três ao menos, e não tema que elas sejam diferentes, essa é a proposta.

Tudo que é homogêneo ou monótono, é contrário ao eclético. Não só as texturas e padrões, mas também a noção de tempo: ou seja, junto a um espelho barroco de madeira maciça, use um pendente de luz de LED com gradil industrial e metálico.

O mesmo vale para as influências, que podem ser globais. Trata-se de misturar imagens africanas primitivas com um quadro digital, que muda sozinho as fotos. Ou uma imagem budista com um quadro de Abraham Lincoln ou Marilyn Monroe.

As paredes de tipo galeria são, como sugere o nome, a ideia de tornar uma parede algo como uma exposição de museu. Para isso, basta enchê-la de quadros, de cima a baixo, o que não raro já bastaria para caracterizar um estilo eclético.

Ponderações, dicas paralelas e afins

Como já ficou claro, o eclético pode misturar estilos a ponto de parecer o oposto de si mesmo, não é verdade?

Ou seja, ele pode significar uma parede de galeria, cheia de informações chamativas e até conflitantes, ou então uma parede simples, limpa.

É preciso fazer essa observação para que não surjam falsos juízos ou incompreensão sobre a proposta central.

Na prática, imagine o exemplo de uma pintura de fachada. Não é possível você definir como será a sua fachada caso haja dois clientes concorrentes colados com a sua loja, concorda?

Assim, caso você já tenha optado por um estilo marcadamente eclético em todos os demais móveis, objetos e elementos do cômodo, é possível que uma parede simples faça mais sentido do que a parede de galeria.

Portanto, mesmo no caso do eclético não há regras fixas, o que importa é a harmonização e o resultado padrão do conjunto. O mesmo vale para as texturas e estampas, também mencionadas acima.

Bônus: como usar a paleta principal?

Já pensou se no meio de todas as dicas que demos, de todas as combinações possíveis e imagináveis que a decoração eclética propõe, fosse possível seguir um norte mais ou menos infalível?

Existe: trata-se da definição de uma boa paleta principal, que nada mais é do que uma gama de cores pré-selecionada, determinada por um artista, designer ou arquiteto.

Assim, é possível garantir que a aparente falta de regra não se torne um problema de harmonização e de resultado final. Com uma diversidade de cores básicas, é possível definir quem vai ser protagonista e quem vai ser coadjuvante nessa história.

O primeiro passo para fazer isso é decidir qual vai ser a cor de destaque, ou seja, a cor principal do cômodo como um todo. Em uma área externa o protagonismo pode estar em algo como um pergolado de madeira com vidro. Em áreas internas, é diferente.

Um sofá precisará, certamente, conversar com a cor de destaque, seja por meio das estampas principais, das almofadas ou mesmo dos encostos. O que não se pode é ignorar esses elementos. Depois, a matriz de cores neutras pode variar da principal.

O gradiente mais famoso de todos é o do preto, que pode oscilar entre tons de cinza, até chegar ao branco. Isso demonstra bem como uma paleta principal deve conduzir o processo, influenciando móveis, paredes, teto e tudo o mais.

Com isto, fica claro que o estilo eclético não é uma desculpa para decorar “de qualquer jeito”. Pelo contrário, trata-se de uma das tendências mais desafiadoras e interessantes de hoje, que pode ficar perfeita se levar em consideração as dicas dadas acima.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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