Praticidade do telefone móvel aliada à desigualdade no fornecimento de serviços de internet entre as diferentes regiões do país são fatores decisivos para compreender o fenômeno 

A internet se tornou as praças da Grécia Antiga. No Mundo Contemporâneo, é nas redes virtuais que ocorre a divulgação de notícias e a discussão de ideias. Em um sistema marcado pela venda, também é pela rede virtual que ocorrem as trocas comerciais — especialmente, durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Nesse contexto, permanecer desconectado pode trazer a sensação de não estar atualizado sobre o que está acontecendo no seu bairro e no mundo. Com a chegada das redes sociais, a troca de informações com outras pessoas, sejam elas vizinhos ou colegas situados em outro continente, é intensificada de um jeito jamais visto anteriormente na história humana.

O acesso à internet é um direito ainda escasso para a maioria da população global, especialmente, em países marcados pela desigualdade social, como o Brasil. No país, há uma diferença notável no acesso entre as populações urbanas e rurais, sendo que o principal meio de conexão à rede é feita a partir de celulares e smartphones.

Desigualdade no acesso

De acordo com uma pesquisa divulgada em junho de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um a cada quatro brasileiros não tem acesso regular às redes. Isso equivale a cerca de 46 milhões de cidadãos.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua — Tecnologia da Informação e Comunicação também mostrou que o índice de pessoas sem acesso à rede é de 53,5% nas áreas rurais, muito maior do que nas áreas urbanas (20,6%). 

Essa desigualdade regional também é vista entre as pessoas que não acessam a internet: para 4,5% delas, não existe esse serviço nos lugares onde moram. Esse percentual é mais elevado na região Norte (13,8%) e menor no Sudeste (1,9%). A pesquisa ainda registrou um aumento (de 74,9% para 79,1%) do número de domicílios com acesso à rede entre 2017 e 2018.

Popularidade dos celulares

O uso pelo celular é feito por cerca de 98% da população, o que torna esse artefato o principal meio de acesso à internet no país, tanto nas áreas rurais (97,9%), quanto nas cidades (98,1%). Também houve crescimento das pessoas que utilizam somente o celular para acessá-la. Em 2016, a percentagem da população com esse perfil era de 38,6% e, em 2018, passou para 45,5%.

Enquanto os celulares ganham espaço, outros equipamentos perdem popularidade, como é o caso dos computadores (cujo uso caiu de 56,6% para 50,7%, entre 2017 e 2018) e de tablets (redução de acesso de 14,3% para 12% no mesmo período).

Além da facilidade de carregar o celular consigo para diferentes lugares, a maior utilização do aparelho se explica pela possibilidade de enviar ou receber vídeos e mensagens de áudio, a partir de redes sociais como o WhatsApp e o Telegram. A possibilidade de realizar ligações de voz ou videochamadas também contribuiu para a popularidade deles.

Mudança de hábitos e faixa etária

A mudança do dispositivo utilizado para acessar a internet provoca a mudança de alguns hábitos e preferências dos usuários. A pesquisa do IBGE indicou uma queda do uso da rede virtual para enviar e receber e-mails (de 66,2% para 62,2%) e um aumento da visualização de filmes e séries.

Outro destaque desse fenômeno é uma maior participação de pessoas mais velhas no mundo digital. Em 2017, 55,5% dos indivíduos com idade de 55 a 58 anos acessavam a rede com regularidade — número que subiu para 64,2% em 2018. Entre a população com mais de 60 anos, a parcela subiu de 31,1% para 38,7% no mesmo período.
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