Iniciativa busca evitar aglomerações de crianças e adolescentes em centros de acolhimento, permitindo que eles passem a quarentena em casa, sob os cuidados de uma família
Noticiários e especialistas tentam fazer previsões para dimensionar os impactos do novo coronavírus sobre a saúde pública, a economia e as próximas eleições. Estatísticas oficiais buscam acompanhar a evolução da COVID-19 no mundo e estufam os noticiários com manchetes sobre o crescente número de mortos e de falta de leitos para os casos mais graves da doença.
Contudo, um dos efeitos pouco divulgados é que a pandemia também foi capaz de acelerar o processo de adoção de crianças no Brasil. A agilidade ocorre para permitir que as crianças passem a quarentena dentro de casa, recebendo os cuidados e o apoio da família.
Além disso, a medida busca evitar aglomerações de crianças e adolescentes em centros de acolhimento, o que reduz as chances de disseminação da COVID-19. Até o dia 8 de maio, a doença já havia matado mais de 277 mil pessoas e infectado 3,3 milhões em todo o planeta.
Benefícios e desafios
Há casais que esperavam há, pelo menos, três anos para conseguir adotar uma criança. Com a necessidade de quarentena e o fechamento físico de instituições, os trâmites burocráticos começaram a ser realizados virtualmente. Assim, reuniões presenciais foram substituídas por videoconferências.
Se por um lado a pandemia agilizou o processo de casais que já tinham manifestado interesse às autoridades para adotar uma criança, por outro, haverá maior espera para aqueles que pensavam em realizar o procedimento, mas ainda não haviam iniciado os trâmites burocráticos.
A quarentena impossibilita os estudos técnicos do processo adotivo, que incluem visita de psicóloga e assistente social na casa das famílias que desejam adotar um(a) filho(a).
Segundo dados levantados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre janeiro e março de 2020, foram concluídos 178 pedidos de adoção no Brasil. A média de tempo para que processos de adoção sejam concluídos no país é de cerca de 8 meses.
O início da liberação de crianças e adolescentes pelos magistrados começou em meados de março, quando a pandemia passou a ganhar força no país e a quarentena foi adotada em inúmeras cidades. A medida teve por base o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que permite o acolhimento em abrigos em situações de exceção.
Mudanças durante a pandemia
Em meados de março, o CNJ publicou um documento com uma série de diretrizes que sugeriam mudanças que alguns juízes já estavam fazendo. Uma delas indica que tribunais devem priorizar medidas que permitam aos jovens e às crianças deixarem os abrigos e serem destinados a ambientes familiares, após a passarem por avaliações de equipes técnicas e autorizados por decisão judicial.
Outra orientação do CNJ é a de que centros de acolhimento passem a funcionar em regime emergencial, com grupos menores, limitados a até dez crianças e adolescentes. Além disso, o documento também sugere que os cuidadores que trabalham nos abrigos residem por um período nesses locais, a fim de evitar que eles se contaminem com o novo coronavírus e o transmitam aos internados.
Um dos grupos mais afetados pelas novas medidas foram as crianças que apresentam problemas respiratórios, como asma e bronquite. Integrantes do chamado “grupo de risco” da COVID-19, os que apresentam tais problemas de saúde tiveram seus processos de adoção agilizados nos últimos dois meses.
Agilidade com cautela
Embora a agilidade beneficie tanto crianças quanto as famílias que desejam adotá-las, magistrados enfatizam que não é possível que tais decisões judiciais sejam feitas rapidamente em larga escala. As crianças também precisam ser escutadas. Segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, o Brasil tem, hoje, 34.566 pessoas com idade até 18 anos distribuídas em 4.279 abrigos.
Adoção de crianças é acelerada durante a pandemia após decisão da Justiça
Seja Hoje Diferente
0
Comentários
Tags
Curiosidades
Seja Hoje Diferente
No SHD, acreditamos que o verdadeiro crescimento vem da curiosidade e do compromisso com o aprendizado contínuo. Nossa jornada é guiada por quatro pilares: analisar com atenção, pesquisar com profundidade, questionar com coragem e concluir com sabedoria. Aqui, desenvolvimento não é apenas um objetivo – é um estilo de vida.