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A liderança cristã é simples!

Isto não significa que seja fácil.

Mesmo que sigamos todos os princípios corretos, as coisas podem sair mal e podem desenvolver situações tensas.

Exercer a liderança cristã pode ser um duro trabalho.

Por simples quero dizer que os princípios essenciais são fáceis de compreender e simples de aplicar se temos a coragem moral para fazê-lo.

A liderança cristã não é algo misterioso para uns poucos escolhidos com um dom especial de sabedoria.

Os princípios estão disponíveis para todos, inclusive para os que não têm o chamado para um oficio bíblico.

Estes princípios influem nos dons das pessoas, com ou sem títulos.

Aos que Deus escolheu para a liderança, Paulo lhes disse:

Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra. (II Tm. 3:16-17).

Em suma: Tudo o que você precisa para ser um líder cristão efetivo está na Bíblia.

Note o que Paulo diz inteiramente preparado.

Você talvez não sabe onde achar um princípio na Bíblia ou reconhecer um quando o vê, mas está lá.

A LIDERANÇA CRISTÃ É FUNDAMENTALMENTE SIMPLES

Os paradigmas administrativos do mundo dos negócios mudam constantemente.

As organizações cristãs com freqüência publicam ou recomendam livros baseados nestes paradigmas. Por que?

Porque os cristãos falham em perceber o paradigma bíblico.

Se você estabelece sua organização ou programa para parecer como os negócios do mundo, se verá obrigado também a aplicar os princípios administrativos do mundo.

Nunca poderá evitá-los completamente.

Abundam os livros que são uma mistura de princípios cristãos e técnicas de administração do mundo secular.

Ler estes livros causa incômodo porque os escritores dão a impressão de que estão tratando de misturar azeite e água; ou seja, misturando a liderança cristã com práticas das corporações do mundo.

O PONTO DE VISTA BÍBLICO DA LIDERANÇA CRISTÃ

A Bíblia ensina a ÚNICA filosofia de liderança cristã, a que Cristo resumiu e moldou em Mateus 20.

Os princípios de serviço e sofrimento são a base da relação do líder com seus subordinados, desde que o líder mostre respeito para com seus colegas de ministério, considerando-os como iguais.

Da Escritura e da experiência sabemos que as hierarquias cristãs geram abuso e resultam na anulação da autoridade espiritual.

A filosofia da liderança cristã no mundo moderno está profundamente afetada pelos atuais paradigmas de administração hierárquica.

Alguns livros sobre a liderança cristã são simples imitações, em linguagem religiosa, dos negócios da cultura americana.

Algumas vezes os cristãos que têm êxito nos negócios imaginam que podem incorporar seu “êxito” à igreja e fazer o Reino de Deus eficiente…Como se a eficiência tivesse um grande valor no Reino de Deus.

Tal procedimento aumentaria realmente a eficiência da igreja, mas produziriam os mesmos abusos que nos negócios do mundo.

Devido a sua mentalidade hierárquica, não se ver o modo em que as pessoas estão afetadas.

As árvores não lhes deixam ver o bosque.

A FILOSOFIA CRISTÃ DA LIDERANÇA

No cenário descrito em Mateus 20, a mãe de Tiago e João, se aproxima de Jesus para pedir-lhe que faça sentar os seus filhos junto a Ele em Seu reino.

Este episódio deu a Jesus a oportunidade de apresentar três atitudes fundamentais na liderança cristã: o sofrimento, a igualdade e o serviço.

O sofrimento: As pressões da liderança são enormes. Um líder deve estar preparado para sofrer, algumas vezes em segredo, para cumprir com seu chamado.

A igualdade: Os ministros são iguais em autoridade no corpo de Cristo.

Eles se relacionam como cavalheiros ao redor de uma mesa redonda e não como soldados de um exército com um sem fim de cargos.

O governo bíblico é uma associação de ministros que trabalham juntos como iguais e que se respeitam mutuamente.

As complexas hierarquias autoritárias não têm lugar no Reino de Deus porque são carnais em sua concepção e nos levam às mesmas coisas, pelas quais Cristo repreendeu aos dois discípulos, em Mateus 20.

O SERVIÇO (LIDERANÇA CRISTÃ)

Os líderes têm uma atitude de servo no lugar de uma atitude de chefe.

Para os líderes, as pessoas são o tudo de seu trabalho e não as ferramentas que podem usar para conseguir seus próprios fins.

O que estavam Tiago e João buscando e como chegaram a isto? Eles buscavam status e honra por meio da manipulação.

Eles pensavam que o Reino de Deus se estabeleceria como qualquer outro governo, com Jesus como governante supremo, seguido por uma série de pessoas ordenadas em cargos.

Note que os dois discípulos não mencionaram nada sobre fazer o trabalho, somente se referiram aos cargos.

Podemos imaginar eles maquinando entre si: Jesus pode ser um pouco duro conosco algumas vezes.

No entanto, Ele é muito gentil com as mulheres. Vejamos se podemos conseguir que mamãe fale com Ele, e talvez ela tenha sucesso e consiga um melhor trato para nós.

Isto é manipulação e politicagem, procedimentos típicos no mundo.

Note que Jesus não os repreende por sua ambição, porque a ambição é uma boa coisa se é para a glória de Deus. Jesus os admoesta contra buscarem a própria honra.

Jesus também esclarece que Ele não está encarregado das promoções no departamento da equipe. O Pai, sim (v.23).

Eles estavam falando com a pessoa errada.
Disto podemos ver uma indicação do primeiro princípio da liderança cristã no Novo Testamento: é um dom de Deus.

Não obstante, estes filhos de Zebedeu tiveram duas boas qualidades, ainda que totalmente mal dirigidas:

A ambição: É uma boa característica para um cristão se está dirigida à glória de Deus e não a seu próprio sentido de automerecimento.

A confiança: Infelizmente, eles confiavam em si mesmos ao invés de confiar em Deus. Eles se consideravam muito “capazes” e disseram: Podemos.

O jardim do Getsemani lhes ensinou a realidade sobre si mesmas quando abandonaram a Jesus e fugiram.

Isto nos conduz a primeira atitude fundamental que Jesus lhes ensinou.

PRIMEIRA ATITUDE FUNDAMENTAL

Uma Disposição Para Abraçar O Sofrimento

Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos (Mat. 20:22)

Um chamado à liderança cristã é um chamado ao sofrimento.

Esse “sofrimento”, especialmente no mundo ocidental, usualmente toma a forma de pressão psicológica e estresse, que outros crentes não suportam nem compreendem.

Com freqüência, as pessoas têm altas expectativas de um líder, as quais ele não pode satisfazer.

Em lugar de buscar a Cristo, as pessoas podem estar buscando um pastor para satisfazer suas necessidades. E quando o pastor falha, consideram-no incompetente.

Algumas pessoas que estejam sob seu cuidado, podem ser rebeldes e somente se submeteram quando são pressionadas.

Algumas vezes o líder deve manter-se na linha dos princípios divinos, com o risco de malentendidos e críticas de outros.

Ocasionalmente, os líderes da igreja devem aplicar a disciplina bíblica a pesar de que não seja popular faze-lo.

Quase sempre, quando se apresenta um caso de disciplina, os líderes não podem revelar o problema a congregação.

Os membros com um conhecimento incompleto do caso podem chegar a conclusões equivocadas sobre as decisões dos líderes e podem pensar que os líderes são muito severos ou muito suaves ao aplicar a disciplina.

Os líderes podem estar sofrendo em silêncio. Deus sabiamente o quis assim.

Os títulos e honras que acompanham o ofício de líder não são suficientes para compensar o estresse.

Aqueles que valorizam os títulos e honras mais que serviço, logo se acharam desiludidos e decepcionados.

De forma semelhante, em seu livro, Irmãos, Não Somos Profissionais, John Piper ataca a atitude de “profissionalismo” do ministério pastoral que não abraça o sofrimento como requisito:

“Nós, pastores, somos assassinados pelo profissionalismo do ministério pastoral.

A mentalidade do profissional não é…a mentalidade do escravo de Cristo.

O profissionalismo nada tem a ver com a essência e o coração do ministério cristão…Porque não há crianças profissionais (Mt. 18:3); não há ternura profissional (Efe. 4:32); não há um clamor profissional (Sal. 42:1)”.9

SEGUNDA ATITUDE FUNDAMENTAL

Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;. (Mat. 20:25-26).

Se você trata a um homem como seu igual, se ele for sábio, ele se submeterá a você nas áreas que ele sabe que você é superior.

O autoritarismo e a hierarquia se sustem mutuamente e é difícil dizer qual dos dois sintomas é a força que impulsiona.

As pessoas autoritárias criam as hierarquias? Ou, as hierarquias estimulam o autoritarismo?

O autoritarismo se deriva da arrogância. Com freqüência, as pessoas autoritárias supõem que o ter um ofício superior prova que eles são inerentemente indivíduos superiores.

Esta é razão pela que eles senhoreiam sobre outros. Supõe que tem o direito inerente para fazê-lo.

AS HIERARQUIAS

As hierarquias complexas são inevitáveis no mundo. Os exércitos são hierarquias, com seus generais no cargo superior, seguidos pelos coronéis, majores, capitães, sargentos, até chegar aos soldados rasos.

O presidente está na primeira posição seguida pelos vice-presidentes, chefes de departamentos, até chegar ao sótão onde estão os rapazes do armazém.

As hierarquias são necessárias em tais domínios. Jesus não está ensinando que as hierarquias autoritárias estão erradas.

Ele simplesmente está dizendo: Não assim com vocês.

A frase entre vós não será assim, é literalmente no grego, não assim com vocês. Jesus estava falando em aramaico, um dialeto do hebraico.

Nessa língua, os tempos futuros são usados como imperativos. Provavelmente, Jesus estava dizendo:

Eu, lhes proíbo categoricamente por nos ofícios a pessoas com atitudes e temperamentos autoritários.

Assim, alguns devem ser excluídos dos ofícios cristãos, inclusive se manifestam um talento natural para liderança.

Se forem autocráticos em seu caráter, nunca devem chegar a postos de autoridade na igreja.

Algumas pessoas com tendências naturais para liderança ficam excluídas dos ofícios cristãos.

Pessoas com temperamento autocrático são desqualificadas para a liderança cristã

As organizações cristãs quase sempre passam por alto este princípio. Suponha que chegue um homem com características naturais de liderança. Com certeza ele é um pouquinho arrogante.

Gosta de controlar. Talvez, às vezes, ele exagere um pouco, mas o que é que tem? Ele tem “liderança”.

Deste modo ele obtém autoridade na organização. Resultado: pessoas feridas. Perdem-se boas pessoas que recusam ser o alvo de tal arrogância.

Somente porque um homem tem habilidades de liderança, não significa que ele deve ser um líder em uma organização cristã.

Se ele tende para o autoritarismo e tem atitudes controladoras, ele é a última pessoa para ser qualificada.

Nos postos, nunca se deve permitir que ele esteja acima do último.

Os controladores devem ser controlados.

Isto pode ser o que Jesus quis dizer quando disse: o que quer fazer-se grande entre vós será vosso servidor.

Alguns eruditos interpretaram esta frase assim: -a liderança de servo é a forma para ser promovido no Reino de Deus.

Esta interpretação pode ser válida.

No entanto, considerando o contexto, esta frase parece mais bem uma proibição de colocar pessoas com atitudes autoritárias em postos de liderança.

Em suma: Nem a habilidade natural da liderança nem a experiência nos negócios no exercito, nem os perfis psicológicos, são indicadores finais de que um homem deve ser um candidato para a liderança cristã.

Se ele mantém atitudes autocráticas, pensa hierarquicamente ou tende usar ou abusar das pessoas, ele está desqualificado como candidato, a pesar de outras considerações.

TERCEIRA ATITUDE FUNDAMENTAL

Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. (Mat. 20:28).

A liderança cristã enfoca mais em ajudar a outros que em mandar em outros. É uma vida dedicada ao serviço.

A honra que levam os ofícios eclesiásticos atrai a muitos.

Mas se as honras é sua motivação, estas pessoas terminam como líderes negligentes, mais preocupados com seu status que pelo bem-estar das pessoas, ademais do dano que fazem a si mesmos.

… há tempo em que um homem tem domínio sobre outro homem, para arruiná-lo. -Ec. 8:9

A meta de um líder cristão é conseguir que seus seguidores sejam o melhor que eles possam chegar a ser.

De fato, se o líder pode preparar alguém para substituí-lo, este é o melhor líder de todos.

A liderança de servo é essencial no Reino de Deus devido ao produto final. No mundo dos negócios, as pessoas são um recurso para produzir bens materiais.

As pessoas gastam tempo e energia para produzir coisas para o consumo público, tais como automóveis, canetas, ou qualquer outra coisa.

No Reino de Deus usa os recursos materiais para produzir pessoas santificadas.

No mundo considera que isto não é um benefício.

Além do mais, a santificação é difícil de definir, algo que somente Deus pode medir.

Pessoas santificadas, é do que se trata o ministério.

A BÍBLIA ENSINA UMA FILOSOFIA DE LIDERANÇA CRISTÃ

Note que o título deste capítulo é: -A filosofia da liderança cristã, e não Uma filosofia cristã da liderança.

Cristo ensinou A filosofia de liderança.

Ele não disse:

Prove minhas sugestões e se você não gostar, invente seu próprio paradigma.

CONCLUSÃO

A liderança cristã envolve um conjunto de atitudes diferentes do sistema do mundo.

Abraçar o inevitável sofrimento, seja psicológico ou físico, ajuda um líder a colocar seus motivos em perspectivas.

Servir a outros para ajudá-los a alcançar seu potencial total e tratar a seus colegas de ministério como iguais, é mais que meros direitos de um ofício.

É uma forma de vida.
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