Considerada a principal celebração do calendário litúrgico cristão, a Páscoa é a mais antiga festa religiosa. Antes de Cristo, a Páscoa era a data que reunia rituais de adoração para Osfera, a deusa da primavera na mitologia anglo-saxã.
Osfera era uma mulher que segurava um ovo em suas mãos enquanto observava um coelho saltitante. Esses três elementos — ovo, mulher e coelho — eram os principais símbolos da fertilidade para esses povos pagãos.
Além do almoço no domingo, uma das maiores tradições dessa data, hoje, é a troca de ovos de Páscoa — originária de povos antigos situados do Mediterrâneo e no Leste Europeu, muito antes do nascimento de Cristo.
Chegada da primavera
Antes de rememorar a ressurreição de Cristo três dias após a sua crucificação, a troca de ovos era feita por pastores nômades no Hemisfério Norte, para comemorar a chegada da primavera.
Reis e príncipes confeccionavam ovos de ouro e prata, cobertos por pedras preciosas. Sem recursos para acessar esses metais, o povo costumava pintar flores ou elementos da natureza à mão em ovos de galinha.
Muitos também os enfeitavam com alguma planta ou elemento natural, como erva ou raiz. Esse hábito atravessou a Antiguidade e se manteve vivo entre as comunidades pagãs que viveram na Europa ao longo da Idade Média.
Símbolos de fertilidade
Pelo seu poder de gerar uma nova vida e, assim, dar continuação à espécie humana, a mulher é o maior símbolo de fertilidade presente em diferentes sociedades e períodos históricos.
Já o ovo era uma representação da forma do Universo e da criação para romanos, egípcios, gauleses e chineses. É ele que abriga a existência que vai implodir sendo, assim, um repositório de vida.
O coelho é outro símbolo da fertilidade, devido à sua elevada capacidade reprodutiva, que já começa nas fêmeas aos cinco meses de vida. Cada gestação dura, em média, um mês e é capaz de produzir até oito láparos, como são chamados os filhotes da espécie.
Incorporação pelas festividades cristãs
A incorporação desses símbolos para a liturgia cristã ocorreu, oficialmente, durante o Concílio de Nicéia, em 325 d.C. Primeira reunião ecumênica (universal), que agrupou bispos de todas as regiões onde havia cristãos, a cerimônia foi uma resposta da Igreja Católica à busca por novos fiéis.
Para isso, a instituição passou a adaptar antigas tradições e símbolos religiosos de comunidades pagãs em alguns eventos do ideário cristão. Depois desse concílio, iniciou-se a inclusão de ovos em pinturas, refletindo Jesus Cristo e sua mãe, Maria.
Surgimento dos ovos de chocolate
A troca de ovos cravejados por pedras preciosas se manteve entre elites europeias durante a Idade Média. Contudo, o chocolate era desconhecido para o continente, sendo somente durante a colonização de povos maias e astecas que os espanhóis conheceram o cacau.
Mesmo com a disseminação do produto na Europa, a ideia de produzir ovos de chocolate durante a Páscoa surgiu somente no século XVII, entre chefs franceses. No início, os pâtissiers, chefs de confeitaria, recheavam os ovos de galinha com chocolate, dando início à produção amplamente difundida nas indústrias do mundo hoje.
Em diferentes regiões da França e de outros países do mundo, existe a tradição de as crianças buscarem ovos de chocolate escondidos por adultos em ninhos no interior da casa ou em jardins.
Ovo de Páscoa no Brasil
Se a França é internacionalmente famosa pela qualidade de suas confeitarias, chegando a transformar ovos e peças de chocolate em verdadeiras obras de arte, o Brasil é quem deixou sua marca ao criar ovos de chocolate recheados com inúmeros sabores, desde brigadeiro e doce de leite até mousse de maracujá ou morango e chocolate branco.
Em 2019, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) registrou um aumento de 1,29% das vendas na semana anterior à Páscoa, em comparação às do ano de 2018. Os ovos de chocolate industrializados corresponderam a 61% das vendas, seguido por caixas de bombom (50%), ovos caseiros (38%) e barras de chocolate industrializadas (33%).