Pesquisa realizada no cenário industrial brasileiro aponta uma baixa implementação útil de sistemas de gestão integrada

Em contrapartida às tendências dos países mais industrializados, as manufaturas brasileiras vêm apresentando um baixo indicador de rendimento quando o assunto é produtividade tecnológica. Em uma pesquisa recente, que avaliou a utilização de sistemas de gestão, foi constatado que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer rumo à Indústria 4.0.


A TOTVS, empresa brasileira líder no desenvolvimento de software de gestão, apresentou os resultados de um estudo inédito referente ao grau de eficiência produtiva dos ambientes tecnológicos influenciados pela implementação de ERP (Enterprise Resource Planning, ou Planejamento de Recursos Empresariais, em tradução livre) e outros sistemas organizacionais integrados.

Apesar de ser possível constatar que a adoção de alternativas tecnológicas é condição direta para o aumento na eficiência e desempenho das etapas envolvidas na produção, por aqui as coisas ainda não estão prontamente avançadas.

Compreendendo o índice de Produtividade Tecnológica (IPT)

O ERP é uma alternativa técnica capaz de integrar todos os processos corporativos dos múltiplos canais, digitais e físicos em um sistema unificado. A integração ocorre com planejamentos e gestão de pessoas.

O levantamento, encomendado pela H2R Pesquisas Avançadas, teve como síntese o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT). A expressão é utilizada para medir o grau de eficiência das indústrias brasileiras que adotaram softwares de planejamento estrutural e logístico integrados, avaliando-as em uma escala de 0 a 1.

A elaboração do medidor foi alicerçada sob duas condições analíticas: o estágio de aproveitamento dos sistemas dentro da companhia, e o aumento efetivo das atividades produtivas — individual, das equipes e final.

O índice apontou uma média de apenas 0,52 pontos no rendimento dos empreendimentos brasileiros que utilizam soluções tecnológicas. Além disso, somente 13% das indústrias apresentaram um medidor acima de 0,75.

Prováveis causas para o baixo desempenho

Dois indicadores são essenciais para aferir a produtividade dos ambientes tecnológicos: a Prontidão Atual e a Performance.

O primeiro indica o nível de internalização acerca da utilização dos sistemas de gestão, e o segundo remete ao aumento de desempenho geral da empresa e da produção obtida como consequência da implementação do ERP.

Os números não tão expressivos do IPT brasileiro estão diretamente relacionados a essas variáveis. Muitas vezes há a adoção de softwares, porém sem as adequações necessárias — escolha do programa ideal, considerando o número de funcionários, o tamanho da empresa, metas e clientes; e treinamento indevido para os profissionais que operam diretamente a plataforma, por exemplo.

Pode-se concluir, assim, que apenas implantar o sistema não é o suficiente, precisando haver um contínuo e integral aperfeiçoamento sobre os domínios da técnica, complementando-a, também, com outros programas administrativos.

É possível perceber uma alta adoção do ERP na área financeira, porém o uso da solução ainda é desconcentrado — e não integrado —  nas demais áreas empresariais. Mais da metade das companhias consultadas (57%) afirma ter uma solução de Business Intelligence (BI), só que apenas 28% apresentam uma integração total com o ERP.

De fato, são poucas as indústrias que transformam dados em informações úteis e rentáveis para o negócio.

O atual cenário tecnológico brasileiro

Apenas um terço das indústrias empregam soluções adicionais ao ERP e BI, sendo que destas somente 20% apresentam integração do e-commerce com o sistema operacional integrado. Esse dado é um mau sintoma, já que há uma tendência acelerada de digitalização das transações.

A falta de integração das plataformas é capaz de enfraquecer todo um canal de vendas, pois, não havendo cooperação entre digital e físico, por exemplo, as vertentes de uma mesma loja se tornam concorrentes diretas.

Falta à indústria, então, uma série de reparos e noções. A preparação das equipes, para que se atinja todo o potencial fornecido pelos sistemas de gestão, é uma das principais mazelas do setor.

Apenas 5% dos empreendimentos entrevistados alcançaram o alinhamento da tecnologia aos principais objetivos da organização, contando com um time que defenda o uso da plataforma e uma equipe capacitada para aplicar devidamente as soluções.
O número de indústrias que atingiram a utilização de todo potencial dos sistemas ainda é pequeno: 13%.

Performance em números

Em média, 39% das indústrias brasileiras notaram aumento do controle entre vendas, produção e estoque; 38% na desenvoltura quanto a tomada de decisão; e 37% na agilidade de processos internos. Entre as empresas mais produtivas, o impacto percebido é cerca de duas vezes maior do que a média.

Além disso, as companhias líderes no IPT percebem três vezes mais a influência dos sistemas de gestão integrados no acréscimo do rendimento líquido.

Prioridades

Outro motivo para a baixa do IPT no Brasil é que a implantação de ERP e de outras técnicas de automação não são consideradas prioridades — até mesmo para as indústrias líderes no índice.

A perspectiva para a adoção das novas tecnologias revelam ainda um outro padrão: 35% pretendem investir em segurança cibernética; outros 35% em modernização da infraestrutura e 25% em soluções na nuvem.

As que pretendem investir em robôs para execução de tarefas consideradas de alto risco são 9%; e também 9% são as que apostam em inteligência artificial, por último, somente 7% delas investem em Internet das coisas (IoT). Números ínfimos se comparados à revolução tecnológica mundial.

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