Imagem Reprodução R7
Reportagem do R7 acompanha grupo socioeducativo no qual homens penalizados pela lei Maria da Penha relatam e compartilham experiências
"Algum de vocês já esteve do lado de cá?" O questionamento de José Alberto*, de 52 anos, aos chamados 'facilitadores' do grupo socioeducativo para homens autores de agressão "E agora, José?" dá início a uma conversa acalorada, tensa e, por vezes, emotiva, entre dez pessoas que cumprem decisões judiciais após terem agredido física ou verbalmente suas companheiras e sido responsabilizados pela Lei Maria da Penha. "Ainda não. Mas o que nos diferencia de vocês é somente um boletim de ocorrência. Não significa que nunca tenhamos praticado algum tipo de violência, ainda que simbólica, contra nossas mulheres", responde um dos facilitadores voluntários.
Aos poucos, os corredores do segundo andar do prédio da Defensoria Pública de Santo André ficam lotados. Às quarta-feiras, próximo das 18 horas, dezenas de homens se reúnem em três salas do sobrado. Nas salas, começam a ser preparadas as atividades. Crachás coloridos com os nomes dos participantes começam a ser preenchidos. São três espaços distintos que funcionam para exibir vídeos e documentários sobre gênero e masculinidades, acolhimentos de novos participantes e avaliação atual da vida desses homens em grupos trimestrais.
Com carteiras semelhantes às de salas de aula, os espaços recebem os primeiros membros do grupo, que aguardam para o início de mais um encontro. Braços cruzados, corpos emudecidos e jogados nas carteiras, semblantes sérios e desconfiados. De vez em quando, a atmosfera apreensiva dá lugar ao clima de companheirismo entre os integrantes que já se conhecem. "E aí, irmão?", diz um dos homens que cumprimenta cada um dos colegas.
Os rostos se fecham abruptamente ao perceberam a presença da reportagem na sala. "Não somos monstros, nem criminosos. Não queremos ter nosso rosto exposto", diz um dos homem do centro do círculo. A fala funciona quase que como um convite para que alguns saiam e busquem a privacidade das salas vizinhas para compartilhar suas histórias. Alguns, porém, permancem e decidem iniciar o ciclo de conversas. "Estou gostando muito, me ajuda a me entender melhor", arrisca-se timidamente um dos membros mais antigos. "Eu era muito nervoso, ameacei minha ex-namorada quando tinha 22 anos", diz Daniel Augusto, de 30 anos.
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São Monstros e Criminosos sim senhor. Otima indicação
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