Em muitos países, já existem guias que indicam aos consumidores a compra responsável. A partir de dados de pesquisa, o documento sinaliza o status do pescado como conservação da espécie, se existe plano de gestão da pesca ou se impacta animais ameaçadas. Selos certificados em diferentes cores apontam as melhores opções. Verde é a mais indicada. Amarelo, apresenta ressalvas. E vermelho, a evitar.
Algumas cidades brasileiras já produziram alguns guias locais. Agora, a proposta é criar uma plataforma de informação nacional. “Se ele (cliente) começar a recusar os pescados que estão ameaçados, que têm algum problema de sustentabilidade ou mesmo bycatch (captura acidental), a gente pode mudar o cenário da produção”, diz a consultora Cintia Miyaji, diretora executiva da Consultoria Paiche que prepara o guia em conjunto com instituições internacionais. A previsão é que algumas indicações já estejam disponíveis para o público no início de 2019, antes da Páscoa, período de maior consumo. “Mas tem muita pescaria que depende de coleta de dados para a gente ter um indicador que seja confiável, então a gente está trabalhando toda a cadeia de trás para frente e espera ter no final de 2019 umas 10 espécies de maior volume de comercialização no Brasil já com status de recomendação pronto”, completa Miyaji.
Mar inesgotável? – Nunca se comeu tanto pescado no mundo. Em 1961, eram 9 quilos por pessoa, em média. Em 2016, 20,3 quilos. A informação é do relatório Estado Mundial da Pesca e Aquicultura 2018 (SOFIA, sigla em inglês). O mundo produz hoje 171 milhões de toneladas (parte produção, outra parte captura). E pelas projeções, o consumo vai aumentar mais. Só na América Latina, a expectativa é de crescimento de 33% no consumo de pescado até 2030, de acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
O pescado é uma commodity importante de países em desenvolvimento: mais que banana, açúcar ou café. São US$ 39 trilhões em transações financeiras de exportações por ano. Estima-se que 800 milhões de pessoas trabalhem direta ou indiretamente com a atividade pesqueira. Diante desses números, o consumidor pode parecer sem força. Mas tem. Uma campanha da WWF (World Wild Fund), ong internacional, ilustrou a relação de dependência entre pescadores até cliente final. Ou seja, sem o consumidor, a conta não fecha.
Comemos tubarão – Quem compra tem responsabilidade. E conhecimento é um ingrediente imprescindível para saber que nem todo peixe deve ir para a mesa. Há aqueles que devem ser consumidos com cautela e os que precisam ser evitados como os tubarões. “Todas as espécies de tubarão são comercializadas com o nome de cação”, afirma Priscila Dolphine, do Instituto de pesca de Santos, no litoral sul paulista, “mas quando se mata o predador de topo como tubarões há uma reação em cadeia que provoca o desequilíbrio no ambiente marinho e nas outras populações de peixes, o que a longo e curto prazos, acaba prejudicando as espécies que consumimos”. Pelas estimativas dos cientistas, 40% do que as redes capturam não era o objetivo inicial. Mas na prática o que cai na rede é peixe e como não se costuma perguntar sobre a origem do produto… o consumidor pode estar comendo tubarão, raia, golfinho, tartaruga!
Fonte: Pesca SP Gov
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