Enquanto você não descobrir o que implica amar um animal, não terá conseguido compreender o que é a nobreza e o despertar de emoções que podem curar a alma. Dar amor a um cão, a um gato ou a qualquer ser vivo por menor, mais inquieto e singular que seja, é se enriquecer e descobrir que eles podem ter sentimentos tão valiosos quanto os nossos.
Cada um de nós poderia relatar com grande carinho esse momento em que alguém muito especial chegou em casa e a deixou do avesso. Do mesmo jeito que com nossos corações. Alguma coisa desperta em nosso interior quando adotamos um cão, quando resgatamos um gatinho da rua, faminto, sujo e precisando de afeto.
É como se uma luz lá do fundo se acendesse, como se um mecanismo peculiar movesse as engrenagens da mudança para nos ajudar também a sermos pessoas melhores.
O olhar dos nossos animais
Às vezes um animal pode até mesmo estabelecer uma melhor conexão emocional com o olhar do que uma pessoa.
Um animal tem uma capacidade de conexão emocional realmente incrível, seja através de um simples gesto ou de um olhar. De fato, sabe-se que o contato visual entre um cão e o seu dono é tão genuíno e sincero que, graças a isto, o vínculo entre ambos se fortalece.
Para nossos animais somos a coisa mais bela do seu mundo e isto não se refere apenas à necessidade de alimento. Eles também precisam receber afeto.
Mylena quando U7 Chegou em casa
Izzy amiga da U7.
Os animais, então, serviam para o alimento, para os serviços gerais, e certa amizade figurada na imagem do cão. Na ideia do domínio natural do homem sobre os animais, o termo usado para se referir aos bichos que alguém cuida, em sua propriedade, é “criação”. Sempre, por mais que se amasse um animal, ele nunca seria mais do que uma “criação”. Porém, no êxtase do individualismo da pós-modernidade, os animais estão ganhando um novo significado e status na relação com seus donos. É o status amoroso.
Em um mundo no qual o homem desiste dos homens, sobram os animais. Qualquer tipo de relação afetiva com uma pessoa humana é exigente, porque a perseverança no afeto pede o amor, e este é exigente. Para evitar esse risco, muitos decidiram ficar sozinhos e manter relacionamentos distantes, pouco comprometidos. Nessa lógica, muitos casais resolveram não ter filhos, ou, quando muito 1 ou 2, que para eles já é demais. Optaram pelo individualismo institucionalizado. Mas a solidão é o fruto indesejável desse individualismo, e o homem não foi feito para viver só. Então, como equacionar a crise da solidão individualista?
Os animais e a solidão do homem
O “amor” aos animais é a solução! É simples: compro um bichinho e passo a ter um relacionamento amoroso com ele. Ele passa a ser o amigo, o filho, o confidente. Ele satisfaz minhas carências, é uma companhia, mas anda segundo minhas determinações e obedece a meu estilo de vida, porque eu sou o dono dele. Ainda melhor, ele nunca vai exigir meu amor, simplesmente porque, não sendo livre, tem poucas vontades e, assim, o nosso amor nunca passará de um grande afeto. É uma boa solução, mas, na verdade, não resolve o problema da solidão, pois esta só é vencida na grandeza do amor entre duas pessoas.
A pessoa humana só é plenamente humana, só é feliz, quando persegue o verdadeiro amor. Claro, é muito mais fácil o afeto que o amor. Ainda mais com animais, que, não possuindo liberdade, subjugam-se aos sabores de seu dono. A questão é que o relacionamento de amor entre seres humanos – seja de amizade, esponsal, entre pais e filhos, ou outros (irmãos de uma mesma fé, profissional, coleguismos etc.) – tem a grandeza de nos fazer livres a partir da liberdade do outro.
Os animais são criaturas de Deus, portanto, tem uma dignidade própria. Devem ser respeitados e podem receber dos homens uma grande afeição que, vulgarmente, chamamos “amor”. O Catecismo da Igreja Católica 2418 diz: “Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”.
“Não é errado amar os bichos, desde que esse amor não seja maior do que o reservado a Deus e aos seres humanos, nossos semelhantes (Mc 12.30,31)".
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